25.4.08

Pós-modernidade. E agora?

por Cleyton Torres

Vivemos em uma era contemporânea, moderna ou pós-moderna? O homem de hoje é contemporâneo e moderno ao mesmo tempo? Se for, onde entra a tão falada pós-modernidade, discutida entre as mais renomadas personalidades acadêmicas atuais? Parafraseando o crítico marxista norte-americano Frederic Jameson, a pós-modernidade nasceu na década de 60, e é entendida como a “lógica cultural do capitalismo tardio”.

A pós-modernidade é marcada pela digitalização da informação, onde a partir disso há uma ruptura da cultura analógica para a digital, transformando a sociedade, até então moderna, em pós-moderna, exigindo mais pró-atividade dos indivíduos. Neste cenário, os "sujeitos" da cultura de massa são substituídos pelos "indivíduos" reconhecidos da cibercultura.

Fator esse que, para muitos especialistas, marca a “passagem” do moderno para o pós-moderno. Deixamos de lado o tempo linear, onde pensávamos em produzir para o amanhã. A praxe agora, marcada pela internet, pela velocidade, pelas tecnologias do tempo presente e atual, é produzir mais e melhor para hoje. O tempo é, agora, individual.

Tal definição causa uma diferenciação significativa na tentativa de definir o pós-moderno somente como pós-industrial, com o advento das novas tecnologias (entende se pós-industrial como todo e qualquer fator da sociedade nascido após a Revolução Industrial). Não só neste ponto, mas a conceitualização de transição do moderno para o pós-moderno também é polêmica.

Para o sociólogo espanhol Manuel Castells, a revolução da tecnologia da informação motivou o surgimento do “informacionalismo” como a base material de uma nova sociedade. Para ele, nesse novo contexto de sociedade, a geração de riqueza, o exercício do poder e a criação de códigos culturais passaram a depender da capacidade tecnológica das mesmas e de seus indivíduos, sendo a tecnologia da informação o elemento principal dessa capacidade.

A tecnologia da informação será ainda, para o mesmo sociólogo, fator decisivo de uma mudança radical no nosso modo atual de produção. Utilizaremos mais o intelecto do que a força braçal, produziremos mais e melhor em uma escala de tempo nunca antes imaginada.

Entretanto, a própria terminologia “pós-modernidade” é ambígua. O prefixo “pós” pode significar algo que vem depois, um rompimento com a modernidade e o nascimento de um conceito posterior (sentido este que muitos empregam pós-modernidade) ou pode significar também post de post-mortem, algo que sugeri o fim ou término de um estado.

Essa ambigüidade do significado do prefixo “pós” parece terminar no momento em que analisamos que nós não nos “demitimos” da modernidade, não rompemos nem houve ruptura com ela, pelo contrário, a crise da ou na cultura que achamos marcar o início do pós-modernismo, na década de 60, fez apenas que aprofundássemos ao máximo as críticas referentes aos conceitos e pressupostos de modernidade. Maximizamos, portanto, os questionamentos e as conseqüências geradas na modernidade até os aspectos de vida do modo “aldeia global”, parafraseando o filósofo canadense McLuhan.

Deixando teorias à parte, é fascinante debruçar sobre conceitos e ver como o homem sente prazer em tornar complexa sua própria existência. Sabendo que não vivemos mais em uma sociedade moderna, mas que não deixamos de ser contemporâneos, necessitávamos de uma nova significação ao nosso extraordinário desenvolvimento cultural, tecnológico e cientifico. Ainda na academia, resgato um dos exemplos mais fascinantes para o entendimento de modernidade e pós-modernismo. Até mesmo leigos extremos poderiam compreender. “Moderno é um liquidificador. Pós-moderno é um Iphone”, disse um acadêmico. Somos pós-modernos. E agora?

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